Naldo une carisma e tecnologia em show de 4h15 para DVD em 3D
O clichê de que a tecnologia dispensa talento nas grandes produções musicais não é verdade no caso de Naldo. Luzes, efeitos, chuva cenográfica, fantasia de ninja e adereços gigantes de gostos duvidosos da gravação em 3D não fizeram mais que o carisma do cantor de “Amor de chocolate” para impressionar o público.
Foram 4h15 de show, com várias interrupções na noite de quarta (3) no Credicard Hall, em São Paulo. Ao final da maratona, mais da metade do público já tinha saído. Poucos viram “Maluquinha”, mais provável hit entre as faixas novas, que fechou o show com chuva artificial no palco. Mas a maior parte do baile funk-pop foi animada.
Naldo não canta nem dança com técnica excepcional. Mas ele tem segurança, um punhado de refrões como “Exagerado” e “Se joga” - em meio a outros medianos - e falta de pudor suficiente para dar conta de uma produção já de primeiro time no pop brasileiro atual.
O pique é proporcional ao deslumbramento: ele chora ao abraçar Zezé di Camargo e Luciano, convidados do DVD junto com Ivete Sangalo.
Repetições e intervalos
O show começou com quase uma hora de atraso, às 22h25, com o aviso de que algumas músicas poderiam ser repetidas para a gravação. Com coreografia sincronizada a projeções, ele abriu o show com “Deixa eu te pegar”. O repertório se dividiu entre inéditas, como “Gol”, de camisa da seleção e olho na Copa de 2014, e regravações.
O início animado é logo interrompido por um produtor que entra no palco e fala ao ouvido de Naldo. Ele para o show por quase dez minutos antes de voltar para cantar a mesma música, dessa vez com oito dançarinos de roupas brilhantes.
“Assim perde a emoção”, diz uma fã sobre o intervalo precoce em que o DJ chega a soltar música ambiente. Mais de dez interrupções do tipo aconteceriam na noite. Mas, quando entra no palco, Naldo bate a mão no peito e chama gritos do público. O objetivo é compensar a dinâmica desfavorável da gravação de DVD.
“Se joga”, já uma hora depois do início, finalmente iguala o nível de animação do público ao do investimento na produção.
Se sobra carisma, falta fôlego para fazer as coreografias e cantar ao mesmo tempo. Vários trechos das letras são deixados para trás para priorizar a dança nos movimentos mais complexos. Naldo vai melhor ao só cantar o r&b com rap da nova “Eu te quero”, ou ao só dançar no número que inclui uma luta simulada após “Exagerado”.
“Lembrando que a parada agora é o Benny pro mundo. E começamos em São Paulo com o pé direito”, diz Naldo ao público antes do primeiro intervalo. Ele cita o sobrenome que escolheu para tentar emplacar uma carreira internacional.
Uma grande escada no palco, de onde ele canta “Minha Cinderela”, é um dos primeiros sinais da prometida “superprodução”. Logo depois, um enorme portão com as iniciais NB, como de uma mansão, é montado em mais um intervalo de quase dez minutos.
Ivete Sangalo
A participação de Ivete, mesmo ovacionada desde o início, ficou abaixo da energia de costume da cantora. Talvez prejudicada pela música escolhida, “Sol da minha vida”, com muito charme e pouco funk, ela fez uma entrada fria e uma repetição morna. Ivete fugia das tentativas de Naldo de “dançar junto”. A faixa ficou devendo um refrão que a permitisse soltar a voz.
Zezé di Camargo e Luciano
Já Zezé di Camargo e Luciano estiveram no momento mais emocionante do show. A nostálgica “Pior é te perder”, do repertório da dupla, funcionou tanto com batida funk que fez Naldo, visivelmente deslumbrado por cantar com os famosos “que via na TV”, chorar ao abraçar Zezé ao final. O choro comoveu o público ainda mais para a segunda execução.
A partir daí o show deslancha de vez. O baile funk chega aos melhores pontos em “Meu corpo quer você”, “Exagerado” e especialmente “Amor de chocolate”. Após o maior hit e antes das três novas que encerrariam o show, já às 2h da manhã, aumenta ainda mais o vazio na plateia, compreensivelmente cansada.
O exagero da fantasia dourada de ninja em “Final de semana” é o lado ruim da influência da egolatria do pop e rap norte-americanos.
Ônibus para a família
Naldo bancou a viagem do Rio para o Credicard Hall, em São Paulo, de um ônibus com 37 familiares e mais dois ônibus com 50 fãs cada um. Segundo o irmão e produtor de Naldo, Rick, o aluguel de cada ônibus custou R$ 4.500.
“Foi um pedido da família mesmo. Se ele não trouxesse todos, o pessoal ia ‘arrancar o couro’ dele”, contou Rick ao G1, enquanto cuidava do desembarque dos mais de 130 convidados.
Mesmo com o reforço de família e amigos, a casa de shows, que comporta até 7 mil pessoas, tinha grandes espaços vazios do lado esquerdo, oposto à entrada da maioria do público. O buraco cresceu ainda mais com a saída de parte do público a partir de 3h de show.
fonte: g1
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